´´De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.`` Rui Barbosa

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Gravação liga Sarney a atos secretos

Uma sequencia de diálogos gravados pela Polícia Federal com autorização judicial, durante a Operação Boi Barrica, revela a prática de nepotismo explícito pela família Sarney no Senado e amarra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), ao ex-diretor-geral Agaciel Maia na prestação de favores concedidos por meio de atos secretos. Em uma das conversas, o empresário Fernando Sarney, filho do parlamentar, diz à filha, Maria Beatriz Sarney, que mandou Agaciel reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Dias Bernardes.

Ouça a seguir os diálogos que ligam Sarney a atos secretos e a favores de Agaciel:

Diálogo 1 (30/3/2008 - 15h14min04s)

Diálogo 2 (31/3/2008 - 11h34min54s)

Diálogo 3 (01/4/2008 - 15h57min00s)

Diálogo 4 (01/4/2008 - 21h00min53s)

Diálogo 5 (02/4/2008 - 09h36min17s)

Diálogo 6 (02/4/2008 - 10h32min21s)

Diálogo 7 (25/03/2008 - 19h31min29s)

Em conversa com o filho, alvo da investigação, Sarney caiu na interceptação. Segundo a gravação, o senador se compromete a falar com Agaciel para sacramentar a nomeação. O namorado da neta foi nomeado oito dias depois, por ato secreto.

NOMEAÇÃO

A conversa entre pai e filho se deu às 10h32 de 2 de abril, segundo a PF. No dia 10 do mesmo mês, foi assinado o ato que nomeou Henrique, namorado de Bia, para assessor parlamentar 3, com salário de R$ 2,7 mil.

Os diálogos foram captados no curso da Operação Boi Barrica, rebatizada pela Polícia Federal de Operação Faktor depois de reclamações do conjunto folclórico maranhense que inspirou o nome da ação. O grupo de boi-bumbá Boizinho Barrica tem os Sarney como padrinhos.

A operação, iniciada há quase três anos para investigar negócios envolvendo empresas da família no Maranhão, acabou por esbarrar em suspeitas de corrupção em órgãos do governo federal comandados por apadrinhados de Sarney.

O caso da nomeação do namorado da neta de Sarney não é único. Desde que o Estado revelou, em junho, a existência de centenas de atos editados secretamente pelo Senado para esconder nomeações de parentes de senadores e outras decisões impopulares, apareceram vários familiares e agregados do presidente do Senado pendurados na folha de pagamento da Casa. A lista inclui, por exemplo, irmão, cunhada, sobrinhas e neto de Sarney.

Do Jornal o Estado de S.Paulo

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