A posição do Brasil é 69ª, não do brasileiro, no rankig internacional da corrupção, divulgado pela ONG Transparência Internacional. Essa verdadeira chaga, que une corruptos e corruptores e que priva a sociedade de recursos importantes para amenizar as carências sociais, infelizmente está incrustada e incorporada à cultura nacional. Aliás, o debate político que se travou em torno do segundo turno da recente eleição presidencial se amparou, principalmente, em acusações recíprocas de corrupção e tráfico de influência. Esse último, muitas vezes, mais danoso e perverso que o próprio tráfico de drogas, de pessoas e de animais. Importante registrar que corrupção é um mal que não se restringe ao Poder Executivo. O Legislativo e o Judiciário também estão contaminados por essa verdadeira “epidemia”. A propósito, o ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça, que, por dois anos, exerceu o cargo de corregedor nacional de Justiça junto ao Conselho Nacional de Justiça, declarou que a corrupção no Judiciário não é tão pontual quanto pensava.
A mudança de cultura, inclusive em relação à corrupção, leva, no mínimo, o tempo equivalente a duas gerações, desde que o combate e a prevenção sejam intensificados imediatamente. Nessa esteira, aliás, os programas de governo e todos os poderes de Estado deveriam ter metas prioritárias na área de educação, a fim de que a sociedade resgate valores morais e educacionais que, atualmente, caminham para uma inversão perigosa e degradante. A corrupção no Brasil atingiu patamares preocupantes e inaceitáveis, mesmo que, para os espertalhões, a posição 69 seja conveniente. A propósito, importante lembrar que a economia mundial é adubada, de forma significativa, por capitais espúrios, originários de negócios alimentados pela corrupção e pela ilegalidade, oriundos, muitas vezes, de exploradores de países em que a população vive na miséria, conforme bem demonstra o ranking divulgado pela Transparência Internacional. É chegada a hora de cobrar dos governantes e administradores públicos que assumam compromissos e incentivem, de verdade, a educação e o combate à corrupção. Mas é importante que cada um de nós também assuma o compromisso de não ser agente, ativo ou passivo, dessa chaga que assola e que corrói o Brasil e o mundo. Que saiamos desse 69 posto incômodo e que não chegue o dia, como dizia um ilustre brasileiro, em que o homem terá vergonha de ser honesto.
Ademar Pedro Scheffler
é Advogado
Fonte: do Jornal do Comércio
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