O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, está patrocinando, nas televisões de todo o país, as mais pornográficas cenas jamais vistas anteriormente: são momentos explícitos de corrupção com a distribuição de dinheiro para seus aliados, dinheiro este extraído de empresas que não tinham porque dizer não ao governador ou seus enviados.
Bem que este filme pornográfico poderia se chamar "Arruda Volta a Atacar" - levando-se em conta que esta é a segunda vez que o agora governador do Distrito Federal é flagrado com a boca na botija. Anteriormente, quando era senador, teve que renunciar porque uma câmara indiscreta mostrou-o usando o painel eletrônico do Congresso de modo irregular, em lugar de outrem.
Mudou de partido, foi para o DEM, virou governador do Distrito Federal e, em consequência de uma administração pode-se dizer vitoriosa, ele já era dado como provável candidato a vice-presidente em qualquer chapa que contasse com o apoio do DEM. Foi agora tudo pelo ralo. Quem é louco de confiar em José Roberto Arruda?
Todo o esquema foi desmontado pela Polícia Federal, através da operação "Caixa de Pandora". Descortinava-se ali um alto grau de corrupção patrocinada pelo governador José Roberto Arruda, embora naturalmente ele negue tudo. Até um vídeo com ele recebendo um pacote de dinheiro tem sua desculpa: teria acontecido em 2006, quando da campanha eleitoral. Aquele dinheiro seria contribuição de amigos, em caixa dois. Em seguida, a pergunta singela: "Não é pecado ter caixa dois, não é?". O pior é que realmente não é pecado, mas é crime eleitoral dos mais graves.
A operação da Polícia Federal contou com a colaboração de um ex-secretário do governo de Arruda. Durval Barbosa, embora detentor de um recorde - responde a mais de 30 processos por corrupção -, ocupava o cargo de secretário de Relações Institucionais. Descobertas suas falcatruas, foi afinal demitido. Aí ele começou a abrir o bico, dentro do programa de delação premiada.
Contou então que era o encarregado de arrecadar dinheiro junto a empresários e sindicatos patronais e distribuí-lo, em forma de "mensalão", com o governador, o vice-governador, secretários de Estado, deputados etc. Os vídeos mostrados até agora impressionam, principalmente um que mostra um trio fazendo uma reza de agradecimento pelo polpudo maço de dinheiro que havia recebido.
Há outros vídeos impressionantes, como o do presidente da Câmara Distrital, Leonardo Prudente, guardando dinheiro nas próprias meias, e um outro em que o sujeito guarda a grana recebida na cueca. O denunciante, Durval Barbosa, é ex-policial, o que não o livrou de pelo menos de 30 processos por corrupção.
Enquanto a OAB prepara-se para dar entrada num pedido de impeachment, a alta cúpula do antigo pefelê, agora DEM, foi à casa de Arruda para obter explicações. Deu-lhe um prazo de oito dias para se justificar. Senão será a expulsão sumária.
Num país um pouquinho mais sério, este Arruda já estaria defenestrado do cargo e até preso, além de condenado a devolver tudo o que captou irregularmente. É o mínimo que se espera.
O editorial "Corrupção explícita" foi publicado na edição de hoje (02) do Jornal da Cidade (SE)
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