O governador flagrado em corrupção produz novas imagens históricas: desta vez, no lugar de dinheiro, entra truculência, autoritarismo e repressão
Flagrado como o personagem central do esquema de corrupção mais escandaloso do País, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, tem se movimentado como um imperador para se manter no cargo. Míope diante das regras de um Estado democrático, ele não hesita em usar o poder para tentar conter as investigações contra si e não pensou duas vezes antes de recorrer à força a fim de evitar manifestações a favor do impeachment. Sob sua ordem, na quarta-feira 9, as ruas de Brasília foram ocupadas pela cavalaria da Polícia Militar do DF e acabaram sendo o cenário de um filme que os brasileiros não viam desde a repressão imposta pela ditadura militar contra os estudantes em 1968 no Rio de Janeiro. Para conter uma manifestação com cerca de duas mil pessoas, Arruda escalou 600 policiais. O Batalhão de Operações Especiais usou gás lacrimogêneo, cachorros e até um helicóptero, de onde atiradores de elite miravam a população com armas potentes. A cavalaria pisoteou os estudantes e não poupou nem os adolescentes, como aconteceu nas escadarias da Igreja da Candelária há 40 anos. Só faltaram os sabres. Oito pessoas foram feridas em frente ao Palácio Buriti, sede do governo local. “As agressões da polícia de Arruda violaram direitos constitucionais”, afirma o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, César Britto. “Houve um erro de intimidação contra os cidadãos. Não podemos deixar a Constituição ser rasgada.”
da Revista Istoé
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