O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considera que é um erro a Polícia Federal apenas investigar o vazamento do dossiê sobre os gastos do seu governo. Em declarações ao Estado, em Lisboa, ele definiu o dossiê como "chantagem" e disse que a sua confecção deve ser apurada. "Isso é grave. O dossiê é uma chantagem. Isso é que deveria ser investigado."
A respeito das despesas que constam do dossiê, o ex-presidente afirmou: "Não são gastos pessoais, são gastos normais do palácio. O fato grave é ter havido um dossiê discriminando gastos, apresentando alguns e deixando de fora outros. Não há razão para incluírem alguns gastos e deixarem de fora outros."
Para FHC, os gastos do governo não devem ser secretos. "Não há razão para os gastos do governo serem secretos. Todos os gastos que estão lá são gastos normais do governo", afirmou. "Eu considero que a montagem do dossiê é inaceitável, é uma ofensa à dignidade presidencial. Não segue as normas republicanas, não se pode personalizar os gastos, não se pode selecionar os gastos. Deveriam estar todos publicados, abertos na internet, e não apenas alguns, como faz o dossiê."
Segundo o ex-presidente, o problema não está nas despesas presentes no dossiê, porque todas têm comprovantes. "Errado é haver excesso de cartões ou retirada de dinheiro através dos cartões do governo, o que permite gastar sem comprovantes, sem que as despesas possam ser auditadas pelo Tribunal de Contas, o que é crime."
TÉCNICO
Na avaliação do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), a PF não terá, "do ponto de vista técnico", como "fechar os olhos" para a confecção do dossiê.
Cuidadoso com as palavras, Aécio disse ontem que acredita que "no decorrer das investigações poderá se chegar às razoes que levaram à construção desse banco de dados ou desse dossiê". "Eu não sei como separar as duas coisas. É o mesmo processo que se inicia com a construção desse banco de dados ou desse dossiê e culmina com o vazamento dessas informações. Para mim é um só processo. Não sei do ponto de vista técnico como seria possível fechar os olhos para uma parte dele e apenas examinar a outra."
Estadão de Hoje
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