´´De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.`` Rui Barbosa

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Licitação de "cartas marcadas" derruba Prefeito de Uberaba

Juiz também bloqueia bens do prefeito, do secretário de Governo e de empresa acusada de comandar esquema

Prefeito reeleito de Uberaba (MG), Anderson Adauto (PMDB) foi afastado ontem do cargo pela Justiça. A decisão contra Adauto, ex-ministro dos Transportes do governo Lula e réu no processo dos 40 do mensalão, foi tomada pelo juiz Lênin Ignachitti, da 4ª Vara Cível da cidade, na ação que contesta o contrato do município com a empresa Home Care Medical para a gestão das farmácias e do almoxarifado da Secretaria da Saúde. A decisão não é definitiva - cabe recurso ao Tribunal de Justiça de Minas.

O juiz decretou ainda o seqüestro dos bens de Adauto, do secretário de Governo de Uberaba, João Franco Junior, da funcionária pública Vera Lúcia Silveira Abdalla, da Home Care e da offshore River Finance Co, que tem sede no Panamá e é uma das sócias da Home Care. Franco Junior e Vera também foram afastados dos cargos.

O contrato assinado pela Home Care com Uberaba, no montante de R$ 15,9 milhões, é de setembro de 2006 e foi suspenso em outubro de 2007 por decisão da Justiça, quando a prefeitura já havia pago à empresa R$ 5 milhões. "O que se descortinou neste inquérito civil mostra com clareza que o caso da saúde pública não reside, principalmente, na falta de recursos públicos, mas antes de tudo na falta de moralidade administrativa de alguns. É uma verdade, uma triste verdade, mas a mais pura verdade", afirmou o promotor José Carlos Fernandes Júnior, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Uberaba. O advogado da Home Care, Roberto Podval, disse que a defesa ainda não teve acesso à decisão da 4ª Vara Cível de Uberaba.

A denúncia contra Adauto nasceu da representação feita por Alaor Carlos de Oliveira Junior, ex-secretário da Saúde da gestão dele. Oliveira Junior acusou o ex-chefe de se encontrar com Renato Delgado, gerente da Home Care, para promover uma licitação de "cartas marcadas" com o objetivo de garantir que a empresa fosse vencedora.

Ao depor, o ex-secretário contou como foi o encontro no gabinete do prefeito. "Delgado comentou que já tinha toda a documentação pronta para a licitação, inclusive o modelo de edital e que poderia encaminhá-lo para agilizar o processo. O prefeito, então, concordou com a proposta, ficando acertado que ele (Delgado) ia encaminhar o modelo de edital", relatou Oliveira Junior. Para a promotoria, "estava montado o esquema para a dilapidação do patrimônio público municipal de Uberaba", um "verdadeiro negócio das Arábias, comparável ao acerto das seis dezenas da Mega Sena".

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do Jornal o Estado de S. Paulo

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