O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), leu, na terça-feira (25), carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pedindo ao partido que o senador requeira à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Cartões Corporativos as informações dos gastos com os referidos cartões e contas tipo B, de suprimentos de fundos, dos seus dois mandatos e também do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"É a única maneira de ambos os governos se livrarem de suspeitas que, no meu caso, são infundadas e espero que também o sejam no caso do atual governo", diz o ex-presidente na carta.
Fernando Henrique, no texto divulgado, afirma que não há amparo legal para manter tais dados em sigilo e que, por esse motivo, basta "requisitar as ditas contas à Casa Civil da Presidência da República". Ele também disse achar "estranho" que a investigação da CPI mista se inicie revisando contas de sua gestão, já aprovadas pelo Tribunal de Contas da União e pela Secretaria de Controle Interno da Presidência, quando os fatos determinantes referem-se a saques ocorridos no atual governo.
Fernando Henrique pede ainda investigação a respeito do vazamento de informações - "parciais e distorcidas" - das contas de sua gestão, como publicou a revista Veja, que teriam sido utilizadas para "confundir a opinião pública".
A carta é uma resposta a Arthur Virgílio, que pediu anteriormente autorização do ex-presidente para requerer, na CPI mista, a obtenção dos dados sobre as despesas do gabinete durante sua gestão.
- Fica irrecusável, agora, que o presidente Lula não divulgue os dados - disse Arthur Virgílio.
O senador também cobrou a aprovação de requerimentos na CPI que liberam, por exemplo, informações sobre os gastos dele próprio quando exercia o cargo de ministro da Secretaria Geral da Presidência, e que não foram analisados até agora. O senador, citando reportagem em que o ministro da Justiça, Tarso Genro, nega a divulgação de dossiê com informações sobre os gastos de FHC, mas confirma o levantamento dos dados, também pediu acesso ao documento, dizendo não ser justo que só o ministro o conheça.
Os senadores da bancada do PSDB apoiaram a atitude de Fernando Henrique. Para a presidente da CPI mista dos Cartões, Marisa Serrano (MS), transparência é fundamental. Sérgio Guerra (PE) disse que se trata de "esclarecer denúncias que não podem ficar sem investigação". Lúcia Vânia (GO) afirmou que o ex-presidente "inova mais uma vez em mostrar com transparência sua passagem pela Presidência da República, no que diz respeito aos gastos". Também manifestaram apoio os senadores Mão Santa (PMDB-PI) e Kátia Abreu (DEM-TO).
Por outro lado, o senador João Pedro (PT-AM) criticou a atitude, que classificou como "estratégia política para atingir o governo do presidente Lula" e ressaltou a existência de uma CPI mista que "funciona em sua normalidade". Para ele, a carta "artificializa o debate". O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que não partiu do presidente Lula a elaboração de qualquer dossiê.
da Agência Senado
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