´´De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.`` Rui Barbosa

quinta-feira, 6 de março de 2008

Lorenzetti nega que tenha intermediado recursos federais para a Unitrabalho

Ao depor ontem quarta-feira (5) na comissão parlamentar de inquérito (CPI) das organizações não-governamentais (ONGs), o ex-dirigente da Unitrabalho Jorge Lorenzetti - amigo e churrasqueiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - negou que tenha feito qualquer tipo de intermediação junto ao atual governo no sentido de solicitar recursos federais para a entidade. Ele também negou participação na elaboração de projetos em comum acordo com o Palácio do Planalto, no período em que dirigiu a Unitrabalho.

- Não sei quanto o governo Lula repassou à Unitrabalho e não conheço sequer um projeto envolvendo a ONG e o Palácio do Planalto - resumiu Jorge Lorenzetti, ao lembrar que, na entidade, exercia apenas "um trabalho técnico profissional".

Lorenzetti também classificou de "denúncia vazia" notícias de que tenha participado da compra de um dossiê, que teria informações prejudiciais aos candidatos da oposição nas eleições de 2006, em São Paulo. Para ele, as noticias não passam de "calúnia e difamação".

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), surpreendeu a todos ao entregar a Jorge Lorenzetti um pedido, por escrito, no qual solicitava ao depoente autorização para a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dele dos últimos cinco anos para cá. A base do governo protestou e o senador Sibá Machado (PT-AC) chegou a classificar a solicitação de Arthur Virgílio de um "constrangimento". É que pela legislação que rege as CPIs não é permitido o pedido de quebras de sigilo de depoentes que estão na comissão na condição de testemunha, como era o caso de Lorenzetti.

Jorge Lorenzetti, que não assinou o pedido formulado por Arthur Virgílio, justificou sua decisão lembrando que todos os seus sigilos já haviam sido quebrados pela Polícia Federal, pela Receita Federal e pelas respectivas companhias telefônicas, "sendo que não encontraram nada que incriminasse", disse. Na próxima semana, os senadores da CPI votam, nominalmente, a transferência, para o colegiado, de todas as quebras dos sigilos de Lorenzetti.

Estranheza
Apesar das constantes negativas de Lorenzetti, o relator da CPI, senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), informou que no governo Lula a Unitrabalho recebeu mais recursos do que no governo anterior. Foram repassados para a fundação cerca de R$ 18,5 milhões. Lorenzetti reafirmou desconhecer qualquer repasse de valores. O senador, que é da base do governo, estranhou ainda o envolvimento do nome de Lorenzetti no escândalo do dossiê paulista.

Em resposta, Lorenzetti disse desconhecer que a Unitrabalho tenha pagado R$ 1,7 milhão para a compra do dossiê que conteria informações destinadas a prejudicar a imagem dos candidatos do PSDB nas eleições de 2006. Apreendido pela Polícia Federal em um hotel de São Paulo, o dossiê foi classificado como falso pela própria PF.

Alvaro Dias (PSDB-PR) mostrou-se surpreendido com o fato de que até agora a Polícia Federal não tenha solucionado o caso do dossiê. Em resposta, Lorenzetti disse que em 2006 estava ocupando o cargo de diretor de administração do Banco de Santa Catarina (Besc). Por isso estranhou o envolvimento do seu nome no caso.

Lorenzetti informou que ajudou a implantar a Unitrabalho em 1996 - a fundação é uma rede universitária nacional que agrega, atualmente, 92 universidades e instituições de ensino superior de todo o Brasil. Até 1998, disse que ajudou a difundir a entidade, período em que exerceu o cargo de diretor-executivo. De 2001 a 2005, observou ainda, retornou à Unitrabalho como assessor de Relações Internacionais, não tendo, conforme afirmou, qualquer poder para assinar contratos ou intermediar repasses de recursos federais. Essas tarefas, explicou, cabiam ao presidente da entidade e à diretoria executiva.

da Agência Senado

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