As opiniões que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva externa sobre a imprensa brasileira são de há muito conhecidas. Ele próprio diz que elas não mudaram desde que chegou ao Planalto - o que faz lembrar a anedota do jornalista irritado com um colega: "Não me venha com fatos novos, que já tenho as minhas ideias formadas." E, decerto por tê-las e por querer poupá-las do contágio com eventuais novidades no comportamento da mídia capazes de pôr em perigo crenças assim viscerais, Lula afirma que se dispensa de ler jornais, revistas, sites e blogs. "Porque eu tenho problema de azia", alegou, tentando exercitar o sarcasmo, numa entrevista publicada na edição deste mês da revista Piauí. (A crer nas suas palavras, ele tampouco assiste a telejornais, nem sequer aos da TV Brasil, nesse caso "por falta de tempo".)
A imprensa lhe faz mal ao fígado, queixou-se. A mesma imprensa à qual creditou, como já fizera, a sua ascensão à Presidência da República. Foi "produto direto da liberdade de imprensa", repetiu, alheio à incoerência entre essa constatação irrefutável e a sua visão gástrica do jornalismo. Paradoxos, aliás, não faltam quando Lula é instado a falar do assunto - sintoma, quem sabe, de que não o digere com facilidade. O presidente que se guarda de acessar as novas mídias porque também essas, a exemplo das tradicionais, lhe causariam desconforto estomacal, não hesita em saudar a diversidade de comentários disponível em "300 blogs". "Hoje a informação é mais plural", acredita. "Isso democratiza a imprensa, aumenta a capacidade do cidadão de interpretar o que lê."
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da Agência Estado
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