BRASÍLIA, Em um movimento orientado pelos aliados do governador José Roberto Arruda (sem partido), o deputado Leonardo Prudente (sem partido) renunciou ontem à presidência da Câmara Legislativa do Distrito Federal. A saída de Prudente, flagrado em vídeo da Operação Caixa de Pandora colocando dinheiro de suposta propina dentro das meias, força a realização de nova eleição e impede que o deputado Cabo Patrício (PT) comande a Casa interinamente e acelere a CPI da Corrupção.
A crise que atingiu em cheio a cúpula do governo do Distrito Federal e parte do Legislativo local completa dois meses sem que a investigação sobre o esquema de pagamento de propina e desvio de recursos públicos tenha decolado. A renúncia de Prudente protela ainda mais a apuração das denúncias.
O cenário se complicou também com o pedido do delator do chamado "mensalão do DEM" para que fosse adiado seu depoimento à CPI da Corrupção, previsto para hoje. Faltando poucas horas para depor, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa encaminhou dois ofícios à Câmara.
No primeiro, alega precisar de "mais tempo para juntar mais subsídios com vista à elucidação dos fatos". No outro, sua defesa afirma que a "diversidade e tendências políticas dos inquisidores" poderiam fazer com que o depoente "ofertasse respostas prejudiciais ao exercício da ampla defesa". O presidente da CPI, Alírio Neto (PPS), da base de Arruda, informou, então, que uma comissão de deputados consultará o Ministério Público antes de remarcar o depoimento.
O pedido de Barbosa agrada aos governistas, que desde o início estavam reticentes quanto ao depoimento do ex-secretário - que prometeu não usar o direito de ficar calado e deve trazer fatos novos que comprometeriam ainda mais o governador José Roberto Arruda, apontado pelo Ministério Público como operador e beneficiário do esquema no DF.
NOVAS ELEIÇÕES
Em dezembro, Leonardo Prudente pediu desfiliação do DEM e se licenciou da presidência da Câmara por 60 dias. De volta ao cargo, foi afastado pela Justiça.
A escolha do novo presidente da Câmara Legislativa deve ocorrer em sete dias, contados a partir de hoje. A base aliada a Arruda, maioria entre os 24 deputados distritais, deve retornar ao comando da Casa.
Estão na corrida dois ex-secretários de Arruda - Eliana Pedrosa (DEM) e Raimundo Ribeiro (PSDB) -, além do deputado Wilson Lima (PR).
PAPEL
Lima dá o tom de como deve ser a atuação de um governista, se eleito presidente. Indagado se agirá com isenção ou atuará como tropa de choque, ele respondeu: "Muito mais isento. Mas sou da base, e sempre tentamos dar sustentação ao governador. Voltarei a falar sobre isso depois de eleito."
A oposição entrará na disputa do cargo com Chico Leite (PT) ou Cabo Patrício, presidente interino da Câmara. Os oposicionistas, porém, donos de apenas 5 das 24 cadeiras, não devem ter votos suficientes para eleger um representante.
do Jornal o Estado de S.Paulo
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