No ano em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentará eleger sua sucessora ao Palácio do Planalto — a ministra Dilma Rousseff —, petistas acusados de participar do esquema do mensalão reassumem poder de destaque no partido. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e os deputados federais por São Paulo José Genoino e João Paulo Cunha foram indicados pela corrente majoritária do PT, Construindo um Novo Brasil, para compor o Diretório Nacional da legenda. A decisão foi tomada no último fim de semana.
Formado por 81 membros, o Diretório Nacional do PT é responsável, por exemplo, por aplicar sanções disciplinares aos filiados e organizar a contabilidade do partido. Desse universo, 18 são escolhidos para integrar a Executiva Nacional e assumir postos-chave, como a Secretaria-Geral e a de Finanças. “É evidente que passamos por muitas experiências que podem contribuir para a direção do partido, para as campanhas, para não cometermos os mesmos erros e para termos um pouco mais de prudência”, afirma o deputado João Paulo Cunha, um dos indicados para o diretório. No entanto, segundo petistas que participaram do encontro, a nomeação dos mensaleiros para cargos da Executiva Nacional sequer foi mencionada.
Dirceu, na verdade, teria a intenção de se dedicar unicamente à candidatura de Dilma. O ex-ministro de Lula já integra o time de frente da campanha por meio de alianças estaduais que vem costurando para a disputa presidencial. Já os parlamentares João Paulo Cunha e José Genoino poderiam se concentrar na campanha de reeleição à Câmara dos Deputados. “Esse episódio (mensalão) só aguarda a decisão da Justiça. Do ponto de vista político, não é hora de ficar se martirizando em função disso”, minimiza Cunha.
No próximo mês, toda a cúpula petista estará reunida no congresso da legenda, quando o nome da ministra Dilma Rousseff será confirmado para a disputa presidencial. Na ocasião, também toma posse o novo presidente da sigla, José Eduardo Dutra (SE), e os membros do Diretório Nacional.
Em 2006, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ofereceu denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra 40 suspeitos de participar do mensalão, esquema de compra de votos de aliados no Congresso Nacional. No ano seguinte, os ministros do STF acataram a denúncia e transformaram todos em réus. Os processos ainda correm na Justiça.
do Correio Braziliese
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