Senador da CPI dos Bingos ameaça empresário com queixa-crime se ele tiver recuado da versão para a comissão
BRASÍLIA - Por iniciativa do senador Efraim Morais (DEM-PB), o Senado vai pedir à Justiça de São Paulo informações sobre a retratação do empresário Rogério Buratti a respeito das acusações que fez contra o então ministro da Fazenda e hoje deputado Antonio Palocci (PT-SP). Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, que investigou denúncias sobre o esquema de lobby supostamente patrocinado por Palocci e seus amigos de Ribeirão Preto, Efraim afirmou que o Senado entrará com uma queixa-crime contra Buratti, caso ele também tenha negado o que disse sobre o caso na comissão.
O senador disse que ficou "perplexo" ao saber da retratação, mesmo tendo o empresário se favorecido da delação premiada que o livrou da pena de prisão. "Buratti veio à CPI e falou sob juramento", lembrou. "Fez todo um depoimento sob juramento e agora simplesmente nega tudo", protestou. Para Efraim, se a prática virar "uma rotina" no Congresso ou no tribunal, "amanhã, qualquer testemunha vai dar um depoimento e dizer depois que estava brincando".
Entenda o caso Palocci
O então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, elogiado até pela oposição por sua rigidez no comando da economia, entregou o posto em 27 de março de 2006. Saiu três semanas após o jornal O Estado de S. Paulo publicar um relato do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, sobre festas e partilha de dinheiro em uma mansão no Lago Sul de Brasília, com participação de Palocci e da chamada "República de Ribeirão", encontro de lobistas em uma mansão em Brasília. Nos dias seguintes, Nildo teve o sigilo bancário violado, operação que derrubou não só Palocci como o comando da Caixa.
Em 2005, Palocci foi indiciado no inquérito sobre a máfia do lixo em Ribeirão Preto - cidade que o ex-ministro administrou em duas ocasiões. Ele é acusado de licitações fraudulentas, desvio de dinheiro e recebimento de propina. Grande parte das acusações foi feita por Rogério Buratti. O empresário denunciou mensalão de R$ 50 mil que teria sido pago pela empreiteira Leão & Leão ao petista na época em que comandou a Prefeitura de Ribeirão pela segunda vez, entre 2000 e 2002.
Agência Estado
O empresário Rogério Buratti, principal testemunha do Ministério Público, já voltou atrás em suas acusações, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, mas o Supremo não tem acompanhado a dinâmica do caso. Buratti também envolveu o ex-ministro nas negociações da chamada "máfia do lixo", e na renovação de contrato da Gtech. As acusações nunca chegaram a ser provadas judicialmente.;
A intenção inicial de Efraim era a de que o Senado entrasse logo contra a queixa-crime, mas ele foi desestimulado pelo senador Tião Viana (PT-AC). O senador petista alegou que, antes, a Casa tem de ter acesso ao depoimento do empresário.
Agência Estado
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